quarta-feira, 22 de abril de 2009

MPB ou MPN?

Da Lama ao Caos (foto), lançado em 1994, não foi apenas o disco que apresentou Chico Science ao cenário musical brasileiro, foi também o toque de novidade da década de 90 – dominada pelo surgimento do Axé e da música Sertaneja. A mistura da rica cultura pernambucana com levadas suingadas propostas pela musica negra americana trouxe um novo movimento musical e uma nova tendência: a aproximação com a música de raiz.


Mestre Ambrósio, Pedro Luís e a Parede, Cordel do Fogo Encantado (que gosto mais) e Mundo Livre S.A são exemplos de grupos que vieram no encalço do Manguebeat de Science , e repetindo a fórmula do sucesso, contribuíram para que o som enraizado, inovador e desinibido atendesse ao interesse de um nicho de apreciadores. Em 1996, Chico e seus companheiros da banda Nação Zumbi, lançaram Afrociberdelia,com sucessos como “Maracatú Atômico” e “Manguetown”, um salto de qualidade que cativou fãs por todo o país.


Assim como Luiz Gonzaga (foto), Dorival Caymmi, Caetano e Gil já fizeram – para citar somente alguns exemplos – Chico Science também trouxe do Nordeste uma inovação para a música brasileira de seu tempo. Guardadas as devidas proporções, e considerada a fatalidade do falecimento de seu criador, o Manguebeat representou uma ruptura com o tradicionalismo, assim como os tropicalistas fizeram quase que três décadas antes.


Por isso enxergo o Nordeste como o principal celeiro de talentos da música nacional, por apresentar dentro de seus componentes uma pitada de talento diferenciada, dessas que parecem brotar de dentro da pessoa. Abaixo ou clicando nas palavras em negrito você pode encontrar alguns vídeos dos músicos citados. Explorar o youtube é mais uma forma de reviver momentos de explosão cultura, hoje um pouco mais distante do dia-a-dia do brasileiro, mais interessado por novelas, fofocas, futebol – em que eu me encaixo – e BBB’s da vida.





domingo, 12 de abril de 2009

Corrupção perde aliados

As lideranças mundiais reuniram-se semana passada na reunião do G-20, em que as 19 potências econômicas (entre países ricos e emergentes) mais a União Européia, procuraram encontrar alguma luz no longo túnel desta crise. Dentre algumas decisões tomadas, uma delas me chamou muito a atenção. Não por apresentar uma possível solução para o turbilhão vivido, mas por mostrar um caminho para a diminuição de outro problema: a corrupção.

Foi acordado na reunião do G-20, em Londres, que os paraísos fiscais terão de ser mais transparentes, liberando o acesso a investigações e demais demandas solicitadas. Lugares como a Suíça e as Ilhas Caimã, não poderão mais manter sigilo nas operações realizadas em seus bancos. A proposta, segundo noticiado pela imprensa, foi colocada à mesa pelo presidente francês Nicolas Sarkosy.

Assim os paraísos fiscais serão forçados a compartilhar informações fiscais. Gostei bastante, pois me acostumei a escutar que milhões e milhões são desviados para contas no exterior. Seja lá qual fosse o escândalo, encabeçado por Cacciola, juiz Lalau, ou por qualquer corrupto de plantão, a grana do povo sempre ia parar num banco gringo. Será que a corrupção ficará sem esse importante aliado?

Bom seria se todas as instituições fossem sérias como o banco alemão Deutsch Bank, que irá devolver cerca de cinco milhões de dólares desviados por Paulo Maluf. Ao reconhecer ter sido utilizada no esquema do “doutor Paulo”, o banco informou que devolverá a bagatela aos cofres públicos da cidade de São Paulo. Outros vinte e dois milhões de dólares estão bloqueados pela justiça das Ilhas Jersey, localizado no Canal da Mancha. O “Tomada de Opinião” segue na torcida para que até as calças do Maluf sejam devolvidas aos cofres públicos.

sábado, 4 de abril de 2009

Política em banho maria

Com oito votos, os minguados, porém queridos leitores desse blog, escolheram “desinteresse político” como um tema que gostariam de ver abordado pelo "Tomada de Opinião". Na minha modesta opinião, para se compreender o momento em que a política deixou de despertar interesse, debates e até bate-bocas, é necessário analisar a cronologia a partir dos tempos de ditadura. Pois eu creio que a falta de motivação atual se trata de uma baixa, mas longe de ser algo definitivo.



De 60 a 80, o grito – mesmo que abafado – era por democracia. No começo da década seguinte, pelas ”Diretas Já”, muitos sentiram a ebulição política correr pelas veias. Anos depois, com a esquerda esperançosa, nem Lula nem Brisola assumiram a faixa de presidente, mas mesmo com Collor eleito, o espírito da vida política seguia ativo.



Colorido, o país chutou Collor de Brasília, em uma época marcada por marchas, indignação e, por que não?, esperança de dias melhores. Depois veio a vitória de FHC em cima de Lula. Mesmo sem possuir um plano de governo ligado à esquerda, Fernando Henrique não podia ser rotulado de direita, pois não era como Maluf, Quércia e outros típicos, afinal como tucano, ele não estava nem à direita nem à esquerda: mas sim em cima do muro.


Montado em seu diploma de sociólogo, FHC implantou uma moeda estável, e junto com Covas, Serra, Sérgio Motta, Malan e companhia, privatizou o país. Afinal, segundo ideologia partidária, o que o Estado não podia oferecer ao povo com qualidade, a iniciativa privada seria capaz. Capitalizando até riquezas minerais.



Neste momento o cenário político nacional apresentava a seguinte conjuntura: o governo federal tucano, o nordeste ainda com os caciques, como Sarney, ACM e outros jacarés ainda com a boca aberta, e o PT procurando não deixar morrer a esperança de ver o metalúrgico, alvo de preconceitos, e figura importante na redemocratização nacional, assumir o cargo de presidente do país.



Como oposição, a esquerda se estruturava. Movimentos como o dos Sem-terras seguiam uma linha ideológica e ética. Sindicatos ecoavam o pedido dos trabalhadores. Estudantes faziam greves por um melhor ensino superior. O debate pelo pagamento ou não da dívida externa estava presente em qualquer bate papo politizado. E por mais que divergências ocorressem, um pensamento era mais que consenso. Lula precisava virar presidente. O povo tinha que fazer parte do governo. Com Lula, a participação popular seria mais latente.


Assim, em 2002, com cerca de 53 milhões de votos Luís Ignácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil, com discurso que afirmava que “nunca mais ninguém poderia ousar duvidar da classe trabalhadora”. Abraçado em minha mãe, com a vista embaçada, junto com milhares de pessoas, vi em plena Avenida Paulista o sonho de milhões se tornar realidade.

Demorei a acreditar que toda a batalha que escutei desde muito novo havia sido vencida.
Realizados, esquerdistas passaram a vislumbrar dias melhores. Eis que a vida política desse país nunca mais foi a mesma. O calor dos debates reduziu, a ânsia por confrontar argumentos cessou. As manifestações perderam o sentido de si, afinal quem poderia alterar a ordem, estava lá, com o respaldo dos que levantavam cartazes. Ao contrário do esperado, a participação do povo diminuiu.


A ambição de uns e a aproximação de pessoas que de nada colaboraram com os anos de história do PT, fez milhares de petistas se rotularem lulistas. Com vergonha do partido e orgulho de seu presidente, líder e figura das mais importantes na história política deste país.


O governo em si não é assunto para este texto, e sim o desinteresse político vivido nesse período da história. Após décadas de divergências calorosas, a política estagnou. Os jovens revolucionários naturalmente envelheceram. Seus filhos seguem na busca do que lutar. Batalhar contra o desinteresse me parece uma boa. Debata sempre, nunca fique em cima do muro.

terça-feira, 31 de março de 2009

Repeteco de Falhas

Após acompanharmos a seleção de nosso país disputar três finais de copas do mundo seguidas, assistimos de camarote uma série de erros levar nosso time à lona em 2006. Dentre as tantas críticas citadas de norte a sul, o BBB da seleção sempre entrava em questão.Nenhuma embaixadinha foi perdida, já não pode-se dizer o mesmo da qualidade do tão necessário treinamento.

A preparação para a esperada Copa da Alemanha, em que éramos favoritos, virou business, rodou capital e prendeu milhões na frente da TV, inclusive eu. Contando que se tratava de um consenso do povo, da imprensa esportiva e da nova comissão técnica, me parecia claro que o erro havia sido mastigado, refletido e digerido. Mas não.

Dias após um empate desanimador contra o Equador, vejo as mesmas lentes viradas para o rachão da turma do Robinho e do Lúcio contra a de Kaká e Ronaldinho (treino tático que é bom, nada). ESPN Brasil e SporTV com suas equipes mobilizadas, debatendo, criticando – obviamente tudo – o que viam. E como era de se esperar, a semelhança com os preparativos para 2006 veio à lembrança. O Beira-Rio com um bom público, as emissoras duelando com seus times de comentaristas, e eu novamente dando audiência. Cada um seu devido posto.

O que evidencia que estamos insistindo no erro, caracterizando assim uma burrice. Porém é bom que isto seja reparado antes da hora do “vamo vê”. Entretanto, não adianta cada peça desse sistema esperar a outra se mexer. Então vou fazer a minha parte, ou seja, não assistir o próximo clássico dos rachões.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Necessidade de conteúdo

Há muito tempo você sabe que se estiver em casa lá pelas oito horas da noite, e der na telha assistir uma TVzinha, Willian Bonner e Fátima Bernardes o aguardam , cheios de amor para dar. Já faz parte da cultura. Assim como a presença dos jornais impressos, com seus variados cadernos, sempre atendendo a todos os públicos. Você já imaginou se um dia essa lógica fosse alterada? Mas e se não tiver notícia o suficiente para os minutos do JN, ou páginas do Cotidiano? Bom, arranja-se né!?

Desta forma nos acostumamos a acompanhar noticias que, em dias aquecidos, seriam logo podadas pelo editor, irem ao ar e preencherem páginas, sem um motivo assim tão claro. Pior ainda são os casos de chacinas, assassinatos, em que o enfoque raramente fica restrito ao fato em si, extrapolando para imagens de lágrimas, apelos emocionados e etc e tal.

O problema é que aprendemos a agir desta maneira desde os tempos de faculdade. Crítico assumido da cobertura do Caso Eloá, vi, sem chance de discórdia, três notas e um link sobre o caso irem ao ar em um exercício de telejornal que realizamos em aula. Afinal, na necessidade de se ocupar um determinado tempo, de se produzir uma quantidade X de notícias por pessoa, o bom senso sempre é deixado de lado.

Pior ainda são os fatos que, por haver cobertura de grande parte da imprensa, são tidos como assuntos que não podem ser deixados de lado. Assim sendo, se a Record e a Globo colocaram em seus jornais que o Ronaldo foi visto com cinco loiras, a Bandeirantes, obviamente, não pode ignorar tal acontecimento, que cá entre nós, é totalmente dispensável.

Sim, este é depoimento de um estudante ligeiramente desiludido com a forma de agir de sua profissão. Espero que as críticas me ajudem a nortear o que devo e não fazer dos meus dias de jornalista, se é que eles realmente vão existir.

Para encerrar, quero me desculpar pelo longo tempo sem postar. Além deste pedido de desculpa, deixo aqui claro que não caçarei assunto para postar no blog apenas por precisar postar com uma certa regularidade. Outro ponto que ainda não citei é que vou procurar não dar rótulos ao blog. Não se trata de um blog de política, de esporte, de meio-ambiente.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Natureza ferida

Há muito tempo não se via tanto gelo. Há muito tempo não caía tanta água. E a cada dia um novo recorde salta frente aos nossos olhos, com números que alarmam, com cenas chocantes e previsões amedrontadoras. Não tem como negar: a natureza resolveu se vingar. E quem diria, o aquecimento global também faz o termômetro despencar.

Tornou-se indispensável mensurar as dimensões das cicatrizes que a ação humana está a deixar. Estudos, pesquisas e levantamentos, certamente, não faltam. Ano passado foi feito um mapeamento de espécies da nossa flora e fauna que correm o risco de sumir. O número, como imaginado, é absurdo. Espero que sejamos capazes de evitar a extinção dos demais seres que habitam a terra – e tiremos o próprio pescoço de dentro da forca.

Fora os furacões, maremotos e derivados do mesmo tom, todas as demais peripécias naturais são reflexos da ação do nosso ser, dito racional. A sede de querer sempre mais pode secar as gargantas ambiciosas. Nessas horas chego a discordar do ditado que cita a dieta à base de pedras feita pelos passarinhos.

Dá angústia esta sensação de impotência que abate em muito de nós. Não sei se fomos condicionados a achar que não conseguimos mudar nada ou se a tendência é realmente que o povo acredite que esse problema não é exclusivamente dele, da sua memória, sonhos, lutas e espiritualidade.

Da mesma forma que o país deu mãos e colos ao pranto de Santa Catarina, e assim como um dia o povo precisou sair às ruas em busca de seu voto – ecoando um mesmo coro por democracia – chegou a hora de uma nova união popular. Não necessariamente para falar o mesmo discurso ou para dar ouvido à mesma voz, mas para debater e agir em beneficio próprio, para posicionar-se frente a um assunto de extrema necessidade.

Por reconhecer nossa dificuldade de remar contra a maré e com medo de ser a geração que na hora de lutar se encolheu, procuro sempre conversar com os que estão ao meu alcance e fazer a minha parte. Acho que isto é muito pouco. Creio que esta é uma causa que precisamos abraçar.

Gostaria que colocássemos a mão na consciência e pensássemos na forma que podemos colaborar com o ecossistema e com o futuro da vida humana. Há quem possua esperança, também tem quem acredite que a situação é irreversível. Ainda não há uma resposta certa. Acho que precisamos pensar em como mobilizar nosso círculo de relações, então abro aqui um espaço para que realizemos esta corrente.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Primeiro Passo

Com poucos dias de vida universitária, os estudantes de jornalismo Brasil afora passam a conviver com o eterno debate de suas carreiras: a imparcialidade. Considerado por muitos o princípio básico para a existência de um jornalismo comprometido com a notícia, o posicionamento, ou melhor, a falta dele, é transmitido como a primeira e essencial lição destes jovens.

Enquanto alguns digerem este aprendizado sem ao menos mastigar e refletir sobre o que escutam, eu nunca aceitei muito esse papo. Entendo a necessidade de expor os fatos sem qualquer forma de distorção, mas não creio que exista uma forma de abordar determinados temas, deixando de fora o que temos dentro de nós, seja isso ideológico, ético ou de qualquer natureza.

Acredito piamente que tomar partido em discussões relevantes, e fazê-lo de forma esclarecida seja mais franco com o leitor do que a imparcialidade tendenciosa tão usual. Na França é possível distinguir o perfil da pessoa e suas posições pelos jornais que lêem. Enquanto quem possui pensamento de direita utiliza o Le Fígaro como fonte de informação, os esquerdistas são leitores do Le Monde. Sim, no Brasil também há a imprensa engajada, como é o caso da Caros Amigos, Brasil de Fato e até da Carta Capital – que são claramente de esquerda –, mas o lado oposto segue maquiando sua postura.

Sei que há espaço para realizar este posicionamento, artigos, colunas e, sem dúvida nenhuma, o blog se tornou um espaço fundamental para o exercício da escrita e a exposição do pensamento. Tomada de Opinião vem ao mundo para suprir este desejo, para que minhas reflexões não sirvam apenas para tirar meu sono, e para que meus amigos não cansem de me ver bater na mesma tecla. Afinal, acho um absurdo um aspirante a comunicador e formador de opinião não saber defender o que pensa.

Eu me chamo Antonio Veiga, sou estudante do terceiro ano de jornalismo da Universidade Metodista, e para seguir o padrão quadradinho desta apresentação, aqui está a minha Tomada de Opinião. Muito Prazer.