terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Natureza ferida

Há muito tempo não se via tanto gelo. Há muito tempo não caía tanta água. E a cada dia um novo recorde salta frente aos nossos olhos, com números que alarmam, com cenas chocantes e previsões amedrontadoras. Não tem como negar: a natureza resolveu se vingar. E quem diria, o aquecimento global também faz o termômetro despencar.

Tornou-se indispensável mensurar as dimensões das cicatrizes que a ação humana está a deixar. Estudos, pesquisas e levantamentos, certamente, não faltam. Ano passado foi feito um mapeamento de espécies da nossa flora e fauna que correm o risco de sumir. O número, como imaginado, é absurdo. Espero que sejamos capazes de evitar a extinção dos demais seres que habitam a terra – e tiremos o próprio pescoço de dentro da forca.

Fora os furacões, maremotos e derivados do mesmo tom, todas as demais peripécias naturais são reflexos da ação do nosso ser, dito racional. A sede de querer sempre mais pode secar as gargantas ambiciosas. Nessas horas chego a discordar do ditado que cita a dieta à base de pedras feita pelos passarinhos.

Dá angústia esta sensação de impotência que abate em muito de nós. Não sei se fomos condicionados a achar que não conseguimos mudar nada ou se a tendência é realmente que o povo acredite que esse problema não é exclusivamente dele, da sua memória, sonhos, lutas e espiritualidade.

Da mesma forma que o país deu mãos e colos ao pranto de Santa Catarina, e assim como um dia o povo precisou sair às ruas em busca de seu voto – ecoando um mesmo coro por democracia – chegou a hora de uma nova união popular. Não necessariamente para falar o mesmo discurso ou para dar ouvido à mesma voz, mas para debater e agir em beneficio próprio, para posicionar-se frente a um assunto de extrema necessidade.

Por reconhecer nossa dificuldade de remar contra a maré e com medo de ser a geração que na hora de lutar se encolheu, procuro sempre conversar com os que estão ao meu alcance e fazer a minha parte. Acho que isto é muito pouco. Creio que esta é uma causa que precisamos abraçar.

Gostaria que colocássemos a mão na consciência e pensássemos na forma que podemos colaborar com o ecossistema e com o futuro da vida humana. Há quem possua esperança, também tem quem acredite que a situação é irreversível. Ainda não há uma resposta certa. Acho que precisamos pensar em como mobilizar nosso círculo de relações, então abro aqui um espaço para que realizemos esta corrente.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Primeiro Passo

Com poucos dias de vida universitária, os estudantes de jornalismo Brasil afora passam a conviver com o eterno debate de suas carreiras: a imparcialidade. Considerado por muitos o princípio básico para a existência de um jornalismo comprometido com a notícia, o posicionamento, ou melhor, a falta dele, é transmitido como a primeira e essencial lição destes jovens.

Enquanto alguns digerem este aprendizado sem ao menos mastigar e refletir sobre o que escutam, eu nunca aceitei muito esse papo. Entendo a necessidade de expor os fatos sem qualquer forma de distorção, mas não creio que exista uma forma de abordar determinados temas, deixando de fora o que temos dentro de nós, seja isso ideológico, ético ou de qualquer natureza.

Acredito piamente que tomar partido em discussões relevantes, e fazê-lo de forma esclarecida seja mais franco com o leitor do que a imparcialidade tendenciosa tão usual. Na França é possível distinguir o perfil da pessoa e suas posições pelos jornais que lêem. Enquanto quem possui pensamento de direita utiliza o Le Fígaro como fonte de informação, os esquerdistas são leitores do Le Monde. Sim, no Brasil também há a imprensa engajada, como é o caso da Caros Amigos, Brasil de Fato e até da Carta Capital – que são claramente de esquerda –, mas o lado oposto segue maquiando sua postura.

Sei que há espaço para realizar este posicionamento, artigos, colunas e, sem dúvida nenhuma, o blog se tornou um espaço fundamental para o exercício da escrita e a exposição do pensamento. Tomada de Opinião vem ao mundo para suprir este desejo, para que minhas reflexões não sirvam apenas para tirar meu sono, e para que meus amigos não cansem de me ver bater na mesma tecla. Afinal, acho um absurdo um aspirante a comunicador e formador de opinião não saber defender o que pensa.

Eu me chamo Antonio Veiga, sou estudante do terceiro ano de jornalismo da Universidade Metodista, e para seguir o padrão quadradinho desta apresentação, aqui está a minha Tomada de Opinião. Muito Prazer.