Há muito tempo você sabe que se estiver em casa lá pelas oito horas da noite, e der na telha assistir uma TVzinha, Willian Bonner e Fátima Bernardes o aguardam , cheios de amor para dar. Já faz parte da cultura. Assim como a presença dos jornais impressos, com seus variados cadernos, sempre atendendo a todos os públicos. Você já imaginou se um dia essa lógica fosse alterada? Mas e se não tiver notícia o suficiente para os minutos do JN, ou páginas do Cotidiano? Bom, arranja-se né!?
Desta forma nos acostumamos a acompanhar noticias que, em dias aquecidos, seriam logo podadas pelo editor, irem ao ar e preencherem páginas, sem um motivo assim tão claro. Pior ainda são os casos de chacinas, assassinatos, em que o enfoque raramente fica restrito ao fato em si, extrapolando para imagens de lágrimas, apelos emocionados e etc e tal.
O problema é que aprendemos a agir desta maneira desde os tempos de faculdade. Crítico assumido da cobertura do Caso Eloá, vi, sem chance de discórdia, três notas e um link sobre o caso irem ao ar em um exercício de telejornal que realizamos em aula. Afinal, na necessidade de se ocupar um determinado tempo, de se produzir uma quantidade X de notícias por pessoa, o bom senso sempre é deixado de lado.
Pior ainda são os fatos que, por haver cobertura de grande parte da imprensa, são tidos como assuntos que não podem ser deixados de lado. Assim sendo, se a Record e a Globo colocaram em seus jornais que o Ronaldo foi visto com cinco loiras, a Bandeirantes, obviamente, não pode ignorar tal acontecimento, que cá entre nós, é totalmente dispensável.
Sim, este é depoimento de um estudante ligeiramente desiludido com a forma de agir de sua profissão. Espero que as críticas me ajudem a nortear o que devo e não fazer dos meus dias de jornalista, se é que eles realmente vão existir.
Para encerrar, quero me desculpar pelo longo tempo sem postar. Além deste pedido de desculpa, deixo aqui claro que não caçarei assunto para postar no blog apenas por precisar postar com uma certa regularidade. Outro ponto que ainda não citei é que vou procurar não dar rótulos ao blog. Não se trata de um blog de política, de esporte, de meio-ambiente.
“Newsroom”
Há 11 anos
3 comentários:
Tuca, isso ocorre porque a notícia é tratada como um produto. Antes de saber a quantidade de notícias de um dia, o jornal já sabe o número de publicidades. Assim, se o jornal conseguiu vender bastante espaço, terá bastante notícia. Exceto em dias de casos especiais que realmente merecem destaque. Com isso, o espaço acaba sendo preenchido, infelismente, com merdas, já que não é fácil descobrir tanta notícia. Para ser sincero, não acho isso certo nem errado. No fundo, é um trabalho como todos os outros. A questão, ao meu ver, é como o público recebe isto. Certa vez eu ouvi que o leitor tem que questionar tudo que lê. Assim, acho que o "cliente" deve ter sabedoria do que lhe interessa. E mais, morte interessa muito. Infelismente, o cenário é este. Acho que, só com educação, o jornalismo brasileiro vai ficar mais "sério" e tratar de assuntos mais relevantes.
obs: no próximo texto, não comece com "Há muito tempo..." hahahaha
Abraço
Não podemos negar que, hoje em dia, notícia não é o que de fato mais importa e, sim, o que é mais causa impacto, taxando a algumas emissoras com o rótulo de serem sensacionalistas.
Conversando um pouco com nosso amigo André, descobri como funciona este processo de seleção de notícias de um telejornal. Cheguei à concepção de que não importa o telejornal que acompanharmos, pois as notícias são, de forma propositada, as mesmas.
Fico muito chateado, para não dizer decepcionado, com frase suas como: "Sim, este é depoimento de um estudante ligeiramente desiludido com a forma de agir de sua profissão", pois se houver atitude, nós podemos mudar o jeito de pensar desta imprensa elitizada. Não devemos, jamais, esquecer que no futuro nós seremos os criticados e contestados.
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