Há muito tempo não se via tanto gelo. Há muito tempo não caía tanta água. E a cada dia um novo recorde salta frente aos nossos olhos, com números que alarmam, com cenas chocantes e previsões amedrontadoras. Não tem como negar: a natureza resolveu se vingar. E quem diria, o aquecimento global também faz o termômetro despencar.
Tornou-se indispensável mensurar as dimensões das cicatrizes que a ação humana está a deixar. Estudos, pesquisas e levantamentos, certamente, não faltam. Ano passado foi feito um mapeamento de espécies da nossa flora e fauna que correm o risco de sumir. O número, como imaginado, é absurdo. Espero que sejamos capazes de evitar a extinção dos demais seres que habitam a terra – e tiremos o próprio pescoço de dentro da forca.
Fora os furacões, maremotos e derivados do mesmo tom, todas as demais peripécias naturais são reflexos da ação do nosso ser, dito racional. A sede de querer sempre mais pode secar as gargantas ambiciosas. Nessas horas chego a discordar do ditado que cita a dieta à base de pedras feita pelos passarinhos.
Dá angústia esta sensação de impotência que abate em muito de nós. Não sei se fomos condicionados a achar que não conseguimos mudar nada ou se a tendência é realmente que o povo acredite que esse problema não é exclusivamente dele, da sua memória, sonhos, lutas e espiritualidade.
Da mesma forma que o país deu mãos e colos ao pranto de Santa Catarina, e assim como um dia o povo precisou sair às ruas em busca de seu voto – ecoando um mesmo coro por democracia – chegou a hora de uma nova união popular. Não necessariamente para falar o mesmo discurso ou para dar ouvido à mesma voz, mas para debater e agir em beneficio próprio, para posicionar-se frente a um assunto de extrema necessidade.
Por reconhecer nossa dificuldade de remar contra a maré e com medo de ser a geração que na hora de lutar se encolheu, procuro sempre conversar com os que estão ao meu alcance e fazer a minha parte. Acho que isto é muito pouco. Creio que esta é uma causa que precisamos abraçar.
Gostaria que colocássemos a mão na consciência e pensássemos na forma que podemos colaborar com o ecossistema e com o futuro da vida humana. Há quem possua esperança, também tem quem acredite que a situação é irreversível. Ainda não há uma resposta certa. Acho que precisamos pensar em como mobilizar nosso círculo de relações, então abro aqui um espaço para que realizemos esta corrente.
“Newsroom”
Há 11 anos